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quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Quebrando a cara!



     Este post é quase direcionado aos meus amigos de Natal. Aqueles que estudaram comigo ou com quem eu treinei natação.
     Preciso falar um pouco do meu passado para esclarecer alguns detalhes. Digo isto, porque sei que nestes últimos nove anos surgiram alguns questionamentos em vocês a meu respeito. O porquê de eu ter tomado determinadas decisões em minha vida. Àqueles que não me conheciam nesta época podem entender um pouco o que já me aconteceu.
     Apesar de meu pai não se lembrar disso, ele me falou certo dia que eu tinha de sair de casa quando completasse 21 anos. Eu ainda era criança, e levei tudo ao pé da letra. Na verdade, creio eu, ele queria me encorajar a não me acomodar e correr atrás do meu futuro. Mas isto teve uma repercussão muito diferente. De certa forma eu corri atrás do meu futuro. Mas, não fiz o que eu realmente queria como profissão. Eu admito que eu sempre fui muito bom em música. Muito bom mesmo. Tirava praticamente 10 em todas as disciplinas do meu curso de música, com exceção da minha nota de instrumento. Cursei três anos de bacharelado em música com habilitação em violão. Faltava um ano para me formar. Em harmonia, análise musical, percepção, e muitas outras disciplinas (incluindo história da música) eu sempre fui muito bem mesmo. Principalmente em percepção, pois concluí todas as disciplinas com média 10. Enfim, não quero me gabar ou me exibir aqui. O que quero mostrar é que eu indiretamente recebi uma proposta para ser professor da universidade, ou seja, estavam esperando eu me formar para abrirem um concurso para professor de percepção.E eu adoraria ter sido.
     Acontece que em 1999 eu ingressei no curso. Mas em 2001 eu completei 21 anos. Eu tinha de sair de casa. Eu prometi para mim mesmo que eu ia sair de casa aos 21 anos para mostrar para os meus pais que eu ia sair antes de eles me colocarem para fora. Hoje eu sei que meu pai nunca iria fazer isso. Pensei muito em como sair de casa, se eu tinha alguns empreguinhos, ganhando de 120 a 400 reais por mês. Carreira militar foi minha resposta. Era o único concurso que eu saía de casa de imediato, pois os cursos de formação são em regime de internato. Estudei para o exército, que era só primeiro grau, e não passei. Mas havia feito a inscrição para a força aérea também. Era segundo grau: matemática, física, química e português. Tudo que eu sempre tive facilidade. Passei e fui embora para Guaratinguetá-SP fazer o curso de formação. Faltando um mês e meio para completar 22 anos, consegui. Saí de casa. E nunca mais voltaria...
     Aliado a outros motivos, que não vou citar aqui, fui embora para bem longe por opção. Fui morar em Boa Vista em 2003, logo após concluir meu curso de formação de controle de tráfego aéreo. Abandonei a música de vez. Adeus, meu curso. Adeus, violão. Adeus, corais. Adeus, oboé. Adeus... Ganhei o preço de ficar longe de todos os meus amigos que conquistei desde 1991. Fiquei longe de meus pais, minhas irmãs, meus primos, tios, minhas sobrinhas (na época eram só sobrinhas), etc.
     Hoje, sinto falta de tudo. Sinto falta da música, de tocar, de compor, de dar aulas. Em Boa Vista, a música é praticamente nula. Tudo muito mal feito por lá. Minhas tentativas de contribuir foram sufocadas pela politicagem local. Gente que tem muito pouco conhecimento musical querem comandar as coisas e fazer tudo mal feito. Enfim, abandonei tudo por opção minha para viver, ou melhor, sobreviver na minha profissão. Sobreviver poque senti falta de muito mais coisas essenciais para considerar estar vivendo.
     Após ter ido embora de Natal, senti falta dos meus amigos também. Mas eu sou assim. Gosto das pessoas e me dedico intensamente nas relações. Sou intenso nas minhas amizades. Mas quando sinto que não sou correspondido, fico noiado sem entender o porquê. Reflito e reavalio todas as minhas atitudes para tentar encontrar os meus erros. Sim, sempre penso que o erro é meu, exclusivamente meu. Isto começou quando percebi que somente eu telefonava para eles. Somente eu enviava mensagens. Somente eu procurava por eles no MSN. Depois de um tempo, eu desisti. Desisti mesmo. Acho que esse tempo foi aproximadamente uns 3 anos de tentativa. Desisti quando fui a Natal, informei meus contatos e onde estaria. Esperei alguém me procurar. Esperei receber um telefonema. Esperei em vão. Não foi tanto em vão, porque ainda há aqueles com quem nunca me frustro. Coli e Vanessa, vocês sempre estiveram comigo. Eu sei disso. Não me refiro a vocês aqui. Aconteceu que eu fui a Natal e não avisei mais a ninguém. Preferi ficar sozinho e ver só os familiares. Mas ainda assim fiquei com um peso na consciência. Achei meio vingativo. Mas não foi. Fiz isso em autodefesa. Não me queria magoar mais. Eu sempre sofro muito quando não sou correspondido. Mas tento guardar para mim.
     Então, entrei em depressão em outubro de 2010, depois de outros fatores serem desencadeados, envolvendo o trabalho. Parei para refletir o quão longe eu estou dos meus novos amigos que fiz em Boa Vista, que por sinal me ligam e sempre me mandam notícias. Inclusive dois deles já vieram em Florianópolis me visitar. Mas somente após um ano e meio consegui identificar pouquíssimos amigos de verdade aqui em Floripa. As pessoas daqui têm hábitos muito diferentes em relação à amizade. Refleti que não sei mais se meus amigos de Natal, exceto Coli e Vanessa, são ainda meus amigos, ou melhor, se eles ainda me vêem como amigo. Refleti que meu filho está crescendo longe dos primos e pode não criar laços muito fortes com os familiares.
     Tenho que corrigir isso tudo. Tenho que voltar para o Nordeste, pelo menos. Tenho que voltar com a música. Tenho que voltar com as amizades. Então, para não pirar e não fazer nenhuma loucura que possa me prejudicar tanto no trabalho quanto nos meus outros círculos sociais (quais, aqui em Floripa?), resolvi fazer o blog. É minha última tentativa de melhorar antes de partir para a terapia. E o mais interessante é que dentre as pessoas que eu mais queria que vissem o blog, somente Coli e Vanessa viram, ou seja, aqueles que eu sempre mantive a mesma amizade. Os outros, quem eu tento uma reaproximação, ainda não viram. Se viram, não recebi nenhum feedback. Gostaria de reaver a amizade com todos. Mas nem sei como ainda me surpreendo. Queria que alguns deles me fizessem "quebrar a cara". Que me provassem que estou sendo injusto, que não estou percebendo os fatos com clareza. Na verdade ainda quero... Mostrem-me que tudo não passou de um mal entendido. Que ainda somos aqueles irmãos que fôramos outrora.

2 comentários:

  1. Eu lembro da ultima vez que te vi antes da viagem, na verdade eu nem tinha te visto realmente kkkkk lembro da minha mãe chorando e Tia Van tava lá em casa... todo mundo se despedindo e eu sem entender muito o porquê daquela viagem que pra mim tinha sido de sopetão...

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  2. Realmente, vc era bem pequena. Tinha somente 6 aninhos. A viagem foi de supetão para mim também, pois eu só tive uma semana para partir depois que eu soube que fui realmente aprovado.

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